domingo, 30 de outubro de 2011

Deus salve a Copa



O terceiro Ciberdebates promovido pela disciplina Oficina em Jornalismo atraíu, novamente, grande público para o auditório da Biblioteca da Unifor.Desta vez, os convidados Jocélio Leal, Ívila Bessa e Ferruccio Feitosa trataram do tema "Copa 2014: Desafios da cobertura online. Mais uma vez os inúmeros benefícios do evento foram enumerados.

O escritor Elias Awad afirmou certa vez que “pobre daquele que um dia ousou enfrentar, desrespeitar ou mesmo desprezar a força do futebol”. A frase é totalmente pertinente e se faz oportuna, se fizer um paralelo com o engrandecimento das obras que serão feitas na cidade de Fortaleza em função da Copa do Mundo de 2014. Não se pode negar que será um grande marco, mas daí a ditar o que a cidade precisa por causa do mundial, já é demais. As necessidades de Fortaleza no que diz respeito à infraestrutura são antigas e deveriam ter sido feitas em respeito aos moradores.

Os números remetem quase sempre à bilhoes. O secretário da Copa no Ceará, Ferruccio Feitosa, fala dos planos com um entusiasmo imenso. É bem verdade que os cearenses que se comprometeram com as obras estão de parabens pelo andamento delas. No entanto, a construção bem sucedida e acelerada do Estádio Castelão, os projetos para melhorar o tráfego em horários de pico nas principais avenidas da Capital, os investimentos nos pontos turísticos para atrair visitantes, dão a impressão de que tudo isto poderia ter sido feito, que quando há interesse as coisas acontecem, mas que por algum tipo de incompetência não aconteceu. A badalação da guinada que Fortaleza sofrerá faz com que a Copa tenha um cunho de “salvadora”, o que na verdade, está longe de ser seu proposito. O país não precisa de Copa, recebe-la deveria ser já uma consequência de bons resultados e não o motivo para crescer.

Não é correto fazer acreditar que todos os problemas serão sanados em virtude do acontecimento. Haverão sim melhoras, mas para atender necessidades exigidas pelos órgãos responsáveis, depois elas serão suspensas, como no caso da segurança por exemplo. Centenas de profissionais serão recrutados para que a paz seja garantida nos estádios, depois disso, o velho embate de Ceará e Fortaleza corre os mesmos riscos, pois não contarão com a mesma proteção. O ônus causado à população também deveria ser lembrado: o encarecimento de taxas públicas, a superlotação de Fortaleza, os inúmeros transtornos causados pela aceleração das obras no trânsito, o aumento de produtos importados contrabandeados ligados às seleções. Tudo isto deveria estar em pauta quando se fala do grande mundial e não apenas o ‘Éden’ que será a Capital cearense por que conquistou jogos nas oitavas de final da Copa.

Nada se fala a respeito da seleção, do que o povo espera dos jogos, da paixão brasileira pelo futebol. Esqueceram-se do óbvio. De tanto fazer malabarismos para não parecer comum, o foco da competição se perdeu. O futebol saiu da condição de esporte, para ser um fator social. Nesta véspera, especialmente, segue como um grande e lucrativo negócio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário