quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Primeiro Ciberdebates do semestre foi um sucesso

Os debatedores Dellano Rios, Júlia Lopes e Diego Benevides.

O auditório da Biblioteca da Universidade de Fortaleza (Unifor) lotou nesta terça-feira, 30 de agosto, com o primeiro  Ciberdebates de 2011.2. Atraídas pelo tema "Jornalismo Cultural na Internet: possibilidades", pelo certificado válido como Atividade Complementar, ou mesmo pelos debatedores Júlia Lopes, Dellano Rios e Diego Benevides, mais de 200 pessoas compareceram ao evento. O público era composto por alunos e professores da Unifor e até visitantes de outras faculdades. Os debates são promovidos pelos alunos da disciplina de Oficina em Jornalismo, ministrada pelas professoras Joana Dutra e Adriana Santiago, o que fez ex-alunos da cadeira também comparecerem para prestigiar o evento.

Júlia Lopes, repórter do caderno Vida & Arte do jornal O Povo e co-autora do site "A preço de banana" foi quem abriu o debate. Primeiramente ela nos apresentou Fernando Rabelo, repórter fotográfico que, pelo facebook, posta fotos e, além dos créditos, nos conta a história daquela imagem. A iniciativa de Fernando, que Júlia define como "puro jornalismo cultural na internet",  poderia ser tomada por qualquer um, o que prova que o jornalismo também depende do público para acontecer, é preciso esse olhar de fora. "O jornalismo é feito por várias pessoas que não são jornalistas, independe da profissão", acrescentou.

Colocou ainda a importância da leitura e do "estar atento" tanto dentro quanto fora da rede. "O trabalho offline também tem que ser bem feito". Usou como exemplo sua matéria "Acende e passa", publicada no dia 10 de agosto no Vida & Arte. Quando passava por uma avenida de Fortaleza, um colega de redação percebeu um símbolo peculiar em um dos semáforos, e isso rendeu à Júlia uma ótima reportagem. E como ela mesma diz, "é preciso direcionar o olhar, falar da cidade, (...) não necessariamente o bonito e agradável, mas algo que te puxe".

Em conclusão Júlia apontou algumas das características do jornalismo da internet. Há o paradoxo entre o imediatismo e a perda da informação com facilidade, a dinamicidade, que não tira a possibilidade da notícia ter uma "gestação longa". Ela também acredita que o jornalista tem que perder o preconceito. Não é possível ditar com que tipo de produção a pessoa vai se identificar.

Em seguida foi a vez de Dellano Rios colocar suas opiniões. O editor do Caderno 3 do Diário do Nordeste, que permanece no jornal impresso, concordou com as afirmações colocadas por Júlia Lopes sobre a importância da leitura e sobre "bater perna, descobrir o que tem no mundo afora".  Ele acredita que se o jornalista fica restrito ao online, sua informação vai ficar muito igual a dos outros. Além do que, a internet acabou com "furo". Minutos depois de uma notícia ser publicada, já não se sabe mais quem foi o responsável pela informação em primeira mão.

O envolvimento do repórter com a área em que atua e a possibilidade de trabalhar e se divertir com aquilo são as características que chamaram a atenção de Dellano para o jornalismo cultural. "Todo jornalista cultural é um apaixonado", disse. Além disso, essa modalidade de jornalismo permite a quebra do paradigma do "jornlista generalista", já que a tendencia é permitir que você se especialize e saiba mais sobre o assunto. E uma das características da internet que o jornalista considera como sendo negativa é que ela é "sem mordaças", é mais fácil criticar e denunciar sem ouvir os dois lados, omitindo opiniões.

Ele acredita ser necessário acabar com afirmações como "você é do impresso, eu sou da internet". "Se sou jornalista, sou jornalista", concluiu.

Por último, Diego Benevides, criador do site Cinema com Rapadura, deu dicas e mencionou dificuldades encontradas ao longo do desenvolvimento do site. Ele afirmou que o preconceito contra o Nordeste e o que aqui é produzido ainda é frequente. O nome do site já faz alusão à região que produz  seu conteúdo, mas grande parte da discriminação vem da própria região, e o site é mais popular no  Sul e no Sudeste do Brasil. 

"Texto bom é muito difícil ser comentado", disse, o que nos mostra que as pessoas preferem fazer críticas ao invés de elogios. Por isso Diego faz questão que o conteúdo publicado no site seja acessível a todo tipo de público, mas garante que isso não significa que o texto será menos especializado: "Se eu uso termo técnico, tenho que explicar o que é. É dessa forma que eu levo a cultura: estando acessível."

Concluído o debate, as perguntas foram abertas ao público. Os mais tímidos utilizavam Twitter do @Ciberdebates para tirar suas dúvidas, assim como os que não puderam comparecer, que acompanharam o debate via Ustream. Os vídeos também estão disponíveis no canal no Youtube.

O ciclo de Ciberdebates 2011.2 apenas começou. Mais três Ciberdebates estão programados para acontecer na última terça-feira de cada mês, nos dias 27 de setembro, 25 de outubro e 29 de novembro. Os próximos temas serão, respectivamente: "Comunicação integrada e redes sociais", "Copa de 2014: desafios de cobertura online" e "Jornalista sentado X Jornalista em pé: o que muda na rotina do jornalista?"

Um comentário:

  1. seu texto está ótimo, e acho que merecia um título mais marcante. Não está errado, mas você destacou tantas frases de efeito legais... enfim, só uma sugestão.

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